segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Cultura-africana. Uma árvore chamada Macumba


                                              Macumba  uma árvore africana
"Por que o fogo queima?
 Por que a lua é branca
 Por que a Terra roda...
 Por que o sangue corre
 Por que a gente morre
 Do que é feita a nuvem 
Do que é feita a neve"...?

Paula Toller. Música Oito Anos
    
A lenda é um gênero literário que tem origem na oralidade, sendo suas histórias contadas às gerações, na tentativa de dar respostas aos nossos muitos porquês (?).
Há séculos as lendas são repassadas de geração à geração, tentando dar respostas ao que a ciência não consegue comprovar. As lendas são histórias bem contadas , que revelam formas diferentes de compreender o mundo. Todas as culturas e religiões tentam explicar a origem e o porquê das coisas, do mundo e da humanidade. Há muitas lendas, contos, histórias e mitos de origem africana, diretamente relacionadas às florestas, aos animais, à agricultura, aos bravos guerreiros, misticismos e religiões etc. A oralidade ancestral africana inspirou este post, onde destacamos três lendas vindas da África sobre animais, para você conhecer, interpretar, dramatizar, e compreender como os povos africanos tentam explicar os mistérios da natureza.
A Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003 tornou obrigatório o estudo da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas de todo país, destacando a literatura como um dos caminhos para a construção desses conhecimentos

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" (Chico Xavier).

Macumba é o nome de uma árvore africana, considerada sagrada, em torno da qual aconteciam os rituais para homenagear os mortos, a confraternização tribal pela vitória, o agradecimento aos orixás pelo alimento vindo da natureza. trazida para o Brasil, embaixo de sua sombra os escravizados se reuniam para homenagear seus orixás e matar saudades da terra natal.
Macumba é também nome de um instrumento musical de percussão, espécie de reco-reco de origem africano, feito de madeira (bambu). No Brasil é utilizado em cerimônias de religiões afro-brasileiras, como o candomblé e umbanda.
Macumbeiro é o tocador desse  instrumento. O termo é usado de forma pejorativa para se referir às religiões de origem afro-brasileira. Nos dias atuais o termo macumba tem os seguintes sinônimos: som, tambor, timbalê , catimbó, atabaque (tambor); local de oração, vodu, magia negra, umbanda, ritual deste culto acompanhado de cantos e danças ao som do tambor.
 " Sou macumbeiro
sou poeta e brasileiro
um pé na África 
e outro no Brasil "
Autor: Domínio público.


Lendas 


Girafa

Há muito, muito tempo, a girafa era um animal igual aos outros, com um pescoço de tamanho normal. Houve então uma terrível seca. Os animais comeram toda a erva que havia, até mesmo as ervas secas e duras, e andavam quilómetros para ter água para beber. 
Um dia, a Girafa encontrou o seu amigo Rinoceronte. Estava muito calor e ambos percorriam lentamente o caminho que levava ao bebedouro mais próximo e lamentavam-se.
- Ah, meu amigo - disse a Girafa, - vê só... Tantos animais a escavar o chão à procura de comida... Está tudo seco, mas as acácias mantêm-se verdes.
- Hum, hum - disse o Rinoceronte (que não era - e ainda não é - muito falador).
- Seria tão bom - disse a Girafa - poder chegar aos ramos mais altos, às folhas tenras. Há muita comida mas não conseguimos lá chegar porque não conseguimos subir às árvores.
O Rinoceronte olhou para cima e concordou, abanando a cabeça:
- Talvez devêssemos ir falar como o Feiticeiro. Ele é sábio e poderoso.
- Que bela ideia! - disse a Girafa. - Sabes onde fica a casa do Feiticeiro?
O Rinoceronte acenou afirmativamente e os dois amigos dirigiram-se para a casa do Feiticeiro após matarem a sede.
Depois de uma caminhada longa e cansativa, os dois chegaram a casa do Feiticeiro e explicaram-lhe ao que vinham.
Depois de os ouvir, o Feiticeiro deu uma gargalhada e disse:
- Isso é muito fácil. Voltem amanhã ao meio-dia e eu dar-vos-ei uma erva mágica. Ela fará com que os vossos pescoços e as vossas pernas cresçam. Assim, poderão comer as folhas tenras das acácias.
No dia seguinte, só a Girafa chegou à cabana na hora marcada. O Rinoceronte, que não era lá muito esperto, encontrou um tufo de erva ainda verde e ficou tão contente que se esqueceu do compromisso.
Cansado de esperar pelo Rinoceronte, o Feiticeiro deu a erva mágica à Girafa e desapareceu. A Girafa comeu sozinha uma dose preparada para dois. Sentiu imediatamente uma sensação estranha nas suas pernas e pescoço e viu que o chão estava a afastar-se rapidamente. “Que engraçado!” pensou a Girafa, fechando os olhos pois começava a sentir-se tonta.
Passado algum tempo abriu lentamente os olhos. Como o mundo tinha mudado! As nuvens estavam mais perto e ela conseguia ver longe, muito longe. A Girafa olhou para as suas longas pernas, moveu o seu pescoço longo e gracioso e sorriu. À sua frente estava uma acácia bem verdinha... A Girafa deu dois passos e comeu as suas primeiras folhas.
Após terminar a sua refeição, o Rinoceronte lembrou-se do compromisso e correu o mais depressa que pôde para a casa do Feiticeiro. Tarde demais! Quando lá chegou já a Girafa comia, regalada, as folhas da acácia. 
Quando o feiticeiro lhe disse que já não havia mais ervas mágicas, o Rinoceronte ficou furioso, pois pensou que tinha sido enganado e não que fora o seu enorme atraso que o tinha prejudicado. Tão furioso ficou que perseguiu o Feiticeiro pela savana fora. 
Diz-se que foi a partir desse dia que o Rinoceronte, zangado com as pessoas, as persegue sempre que vê uma perto de si.

Atividades:

Responda:
a) Há três personagens principais na lenda. Quais são?
b) Diz a lenda, que a girafa era um animal igual aos outros, com um pescoço de tamanho normal. Como a lenda explica a origem do longo pescoço da girafa?

 Os três irmãos 

Três irmãos, há muito e muito tempo, viviam em uma pequena aldeia no antigo reino do Congo. Os rapazes eram perdidamente apaixonados pela princesa real. Mas, como eram simples aldeões, sabiam que nenhum deles poderia se casar com a moça.
Desiludidos, os três saíram mundo afora, em busca de uma nova vida. Andaram, andaram e andaram, durante dias e noites infindáveis, através de florestas e desertos, até alcançarem um povoado oculto entre montanhas. Apavorados, descobriram que o misterioso lugar era habitado por seres dotados de poderes sobrenaturais.
Os três, imediatamente, foram aprisionados e obrigados a trabalhar como escravos. Como um sempre ajudava os outros, todas as tarefas foram concluídas. Por isso, após um ano de cativeiro, foram soltos. E, como prêmio pelos serviços prestados, cada um recebeu um presente mágico.
O irmão mais velho ganhou um espelho, no qual podia ver qualquer coisa que estivesse acontecendo. O do meio ganhou um tapete voador, capaz de levar seu dono aos lugares mais distantes, numa velocidade impressionante. E o irmão mais novo ganhou uma rede de malhas de aço, com a qual podia capturar o que quisesse.
À noite, o irmão mais velho viu em seu espelho que a princesa, por quem ainda eram enamorados, iria se casar naquele exato instante com um monstro que havia se disfarçado de humano.
Os três, na mesma, subiram no tapete do irmão do meio e, cruzando os ares, chegaram bem a tempo de interromper a cerimônia. E, graças à rede do irmão mais novo, aprisionaram o monstro.
O rei, agradecido, resolveu dar a filha em casamento a um dos rapazes. Mas ele, pensou, pensou e não conseguiu escolher nenhum dos três.  Pois, de acordo os conselheiros reais, todos os irmãos haviam tido um papel importante.
Eu também, quando conto esta história, sempre fico na dúvida. E você leitor? Em sua opinião, qual dos três merece receber a mão da bela princesa? O dono do espelho, o do tapete ou o da rede ? Por quê?
Atividades:
a) O que impedia a qualquer dos três irmãos casar-se com a princesa?
b) Por que cada um dos irmãos recebeu um presente mágico?
c) Cite o presente mágico recebido por cada um dos três irmãos: * irmão mais velho; * irmão do meio; * irmão novo.

O Sapo e a Cobra


Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
- Alô! Que é que você está fazendo estirada na estrada?
- Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
- Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
- Vou ensinar você a pular.
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
- Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
Eles subiram. Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
- Obrigada por me ensinar a pular.
- Obrigado por me ensinar a subir na árvore.
Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
- Quem ensinou isso para você?
- A cobra, minha amiga.
- Você não sabe que a família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
- Quem ensinou isso para você?
- O sapo, meu amigo.
- Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu bem com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e... Bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou na sua.
- Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: "Se ele chegar perto eu pulo e devoro ele. "
Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho.
Suspirou e deslizou para o mato.
Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos.
Mas ficavam sempre no sol, pensando no único dia em que foram amigos.

Atividades:

a) Cite os personagens dessa lenda:
b) Por que as mães da cobrinha  e do sapinho não teriam a amizade entre eles?
c) Você achou correto? O que você faria no lugar daqueles pais?



Vamos praticar:
Vamos ver o que você aprendeu. Releia os textos.
1) Elabore um questionário com perguntas e respostas sobre a girafa.
2) Escolha a lenda que você mais gostou. Que final você daria para a história escolhida?
3) Você já sofreu preconceito?


Fonte: http://serravallenaafricadosul.blogspot.com.br/




domingo, 18 de janeiro de 2015

CALENDÁRIO NEGRO

O CALENDÁRIO NEGRO, traz informações sobre datas que marcaram a história do negro no Brasil e no mundo, histórias de lutas, datas que merecem e merecerão ser lembradas.


JANEIRO
01 - Dia Mundial da Paz
01 - Independência do Haiti /1804
02 - Fundação da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, em São Paulo, SP /1771
03 - Fundação da União dos Homens de Cor de Porto Alegre, RS / 1943
06 - Circula pela primeira vez o jornal O Clarim da Alvorada, organizado por José Correia Leite e Jayme de Aguiar/ 1924
06 - Nascimento de Juliano Moreira, médico psiquiatra considerado pai da psIquiatria brasileira, em Salvador, BA / 1873
08 - Fundado o Congresso Nacional Africano - CNA - África do Sul /1913
15 - Nasce Martin Luther King Jr. / 1929
15 - O governo baiano suprime a exigência de registro especial para templos de ritos afro-brasileiros
20 - Assassinado pela polícia portuguesa Amílcar Cabral, poeta revolucionário, lutador pela liberdade da Guiné e Cabo Verde 
24 - Revolta dos Malês, na Bahia /1835 
26 - Nasce Angela Davis, EUA
29 - Morre José do Patrocínio, o "Tigre da Abolição" , jornalista negro e ativista da causa abolicionista
31 - Nascimento, em 1582, de Nzinga, rainha de Angola de 1633 a 1663