ADHEMAR FERREIRA DA SILVA
Adhemar, filho de pai ferroviário e mãe lavadeira,
é até hoje o único brasileiro a conquistar duas medalhas de ouro em Olimpíadas
consecutivas. Nascido em 29 de setembro de 1927, foi um menino de pernas finas
e compridas, biotipo propício para o atletismo. Mas tinha que trabalhar na
infância para ajudar os pais em casa.
Foi por acaso que o esporte entrou em sua vida.
Através de um amigo que treinava no São Paulo, Adhemar conheceu e se encantou
pelo salto triplo. Saltou mais de 12 metros em sua primeira tentativa, algo
extraordinário para um iniciante. Logo caiu nas graças e passou a ser orientado
pelo alemão Dietrich Gerner, de quem “herdou” personalidade seca e fria.
Em Londres-1948, em sua primeira participação nos
Jogos Olímpicos, Adhemar não foi bem. Não passou da eliminatória e amargou o
14º lugar. Quatro anos mais tarde, sem a presença de seu técnico, que não pode
ir a Helsinque, e criticado pela imprensa nacional, deu show. Então detentor do
recorde mundial com 16,01m, bateu a marca quatro vezes (a última com 16,22m) na
mesma tarde e sagrou-se campeão olímpico. O público, extasiado com seu feito, o
ovacionou de tal forma que ele foi orientado pelos organizadores do evento a
percorrer o estádio para agradecer. Estava criada a volta olímpica.
Na volta para o Brasil, foi oferecida a ele uma
casa como forma de premiação pela façanha. Focado no esporte, Adhemar rejeitou,
pois na época não era permitido a atletas amadores receber prêmios financeiros.
Preocupado com sua imagem, Adhemar temeu que, como “profissional”, tivesse que
abandonar as competições.
O bicampeonato veio em Melbourne-1956 com novo
recorde olímpico: 16,35m. O título, no entanto, esteve ameaçado por uma dor de
dente, só solucionada dois dias antes da prova final. Em 1960, nos Jogos de
Roma, uma tuberculose ganglionar afetou o rendimento do atleta e começou a
colocar fim a sua carreira.
São Paulo foi o primeiro clube de Adhemar Ferreira
da Silva no atletismo
Além das conquistas olímpicas, Adhemar ganhou 10
campeonatos brasileiros, cinco sul-americanos e três Jogos Pan-Americanos. Como
homenagem aos recordes mundiais de 1952 e 1955, o São Paulo ostenta até hoje
duas estrelas douradas sobre seu distintivo – é o único clube que concede tal
honra a alguém que não é do futebol.
Exemplo também longe das pistas, Adhemar era
formado em quatro faculdades. Foi escultor pela Escola Técnica Federal de São
Paulo, bacharel em Educação Física na Escola do Exército, em Direito na
Universidade do Brasil e em Relações Públicas na Faculdade Cásper Líbero. Atuou
também como jornalista e falava fluentemente inglês, espanhol, italiano,
francês, alemão, finlandês e japonês e foi Adido Cultural na Embaixada
Brasileira em Lagos, na Nigéria, entre os anos de 1964 e 1967.
Até 2000, Adhemar trabalhou para o setor de
esportes do jornal “Estado de São Paulo” e também na organização do Gran Prix
de Atletismo. Em 1996, se tornou coordenador da área de esportes da Faculdade
de Santana, que posteriormente passou a ser UniSant’Anna, em São Paulo. Morreu
em 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, vítima de parada cardíaca. A única
biografia escrita sobre ele, feita ainda em vida, está nas páginas de “Herói
Por Nós: Adhemar Ferreira da Silva, o Ouro Negro Brasileiro”, de Tânia Mara
Siviero.
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